Estado e Poder Judiciário promovem a reinserção social de presos
31/05/2012
Um grupo de 174 detentos de nove casas penais do Estado participou da segunda edição do projeto, executando melhorias na rede física de escolas públicas
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Os detentos atendidos pelo projeto precisam cumprir certos requisitos, como bom comportamento e cumprimento de parte da pena
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O diretor do Núcleo de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capelone, diz que colocar presos e estudantes em contato produz consciência nos jovens
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A comunidade escolar foi inserida na ação graças a outro projeto, o “Papo di Rocha”, uma iniciativa da Superintendência do Sistema Penal (Susipe) na qual um grupo de internos é colocado numa espécie de “bate-papo” com os estudantes. Com depoimentos, perguntas e respostas, eles relatam a sua experiência no cárcere. “Basicamente, eles passam a mensagem ‘não façam o que eu fiz’. A ideia é criar conscientização na comunidade escolar sobre a criminalidade e os problemas ao quais ela está relacionada”, explica o diretor do Núcleo de Reinserção Social da Susipe, Ivaldo Capelone.
Um dos palestrantes na Escola Estadual de Ensino Médio e Fundamental Fábio Luz, no município de Tomé-Açu, foi o detento Francisco Leivit Silva de Sousa, 25 anos. Preso por assalto, ele cumpre pena há quatro anos e cinco meses no Centro de Recuperação Regional da cidade. Foram as dificuldades financeiras o levaram ao crime, contou. “Eu queria ter o que os meus amigos tinham. Foi isso que me levou para a ilusão do crime. Hoje sei e assumo o meu erro. Quero construir uma nova vida longe da criminalidade”, disse.
A experiência de Francisco na criminalidade e a sua conscientização do erro plantou uma semente de paz na escola Fábio Luz. Para o estudante do ensino médio Romário Alves Fernandes, 18 anos, escutar o depoimento de quem está preso o faz refletir sobre muitas situações as quais os adolescentes estão expostos. “Tenho certeza que muitos alunos que estão aqui, escutando dos próprios detentos como é a vida dentro do presídio, vão pensar antes de usar drogas ou cometer algum crime”, afirmou.
Perspectivas– Foi também em Tomé-Açu que aconteceu um dos momentos mais emocionantes do projeto, desde a sua criação, em 2003. Durante a cerimônia de apresentação da atividade, a juíza da comarca, Marinez Arrais, concedeu o beneficio da projeção de pena ao jovem Ginoel Lima Pereira, 19 anos, que passou do regime semiaberto, para a prisão domiciliar. A volta aos estudos já está garantida. Ginoel foi aluno da escola Fábio Luz e ganhou os cumprimentos de professores e alunos, além do convite para voltar à sala de aula. “Quero mudar de vida, pensar duas vezes antes de errar, estudar, trabalhar e começar uma nova vida”, disse, emocionado.
Segundo a magistrada, o trabalho do Judiciário só é possível graças à parceria com a Susipe, Defensoria Publica do Estado e Ministério Publico. Mensalmente, os defensores fazem levantamentos sobre quais os detentos que já estão habilitados para receber os benefícios da execução penal. “É um trabalho em parceria e com muita dedicação. Com esse intercambio do defensor dentro da casa penal, é possível identificar se o preso já está no tempo da progressão”, ressaltou.
O projeto “Conquistando a Liberdade” começou em 2003, na Comarca de Abaetetuba, por iniciativa do juiz titular da 3ª Vara de Execuções Penais, Deomar Alexandre de Pinho Barroso. A parceria com o governo do Estado, por meio da Susipe, Pro Paz Cidadania e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), e Poder Judiciário, possibilitou a expansão da ação para mais oito cidades. A primeira experiência nesta segunda fase do projeto aconteceu em março deste ano e mensalmente a ação será levada a outras escolas desses municípios, sempre na última quinta-feira do mês.
Os detentos selecionados para a ação são escolhidos com base em critérios como bom comportamento e situação judicial. Precisam exercer alguma atividade na casa penal e já ter sido beneficiados com a progressão da pena. “Temos que zelar pela segurança dos internos e da comunidade escolar envolvida, portanto, os presos selecionados, em geral, são os que já estão em vias de ir para o regime semiaberto ou para a liberdade”, explica Ivaldo Capelone.
Fonte: Agência Pará de Notícias
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